Sexo asséptico
Ainda mais numa relação entre dois homens, onde há penetração anal. Suor, sêmen, saliva… são coisas que não estão intimamente ligadas à limpeza. E quando o tesão bate logo de manhã, às vezes tem aquele hálito matinal, mas que a gente dá uma ignorada a fim de gozar.
Ou dava. De uns tempos para cá, meu marido tem reclamado de tudo. Ora é o mau hálito, ora é um cheiro estranho na região da virilha. Do jeito que descrevo, pode parecer que eu sou sujo, mas não é o caso. São cheiros normais de quem acabou de acordar e o último banho foi antes de dormir. Desde o início das reclamações, geralmente pelo cheiro “forte” na virilha, minha autoestima sexual deu uma caída. Parei de procurá-lo, se eu não estiver recém-saído do banho. Mas não é sempre que você toma banho e quer se sujar novamente. Às vezes, você só quer curtir a sensação e o cheiro do sabonete no próprio corpo.
Resolvi desabafar aqui porque hoje tiramos uma soneca juntos, acordamos no tesão e começamos a se esfregar. Quando ele ia ser penetrado, ele reclamou de um cheiro forte. Repito, o dito cujo tava na portinha pronto para a ação. Eu imediatamente broxei.
Tenho receio de ficar tão noiado com isso de cheiro — se já não estou — que não vou conseguir mais transar sem estar recém-saído de um banho. Para mim, o problema é que isso torna o sexo mecânico e praticamente agendado. Perdemos a espontaneidade. Porque para transar envolve agora todo um planejamento. Além de ter de criar um momento de tesão pós-higiene pessoal. Será que é por isso que todos os casais deixam de transar? Ou essa é a nossa versão da crise dos sete anos?