Musa em C ontradição

Exausta, mas ainda brilhante,
carrego a beleza até no desalinho.
Sou fruta mordida, suculenta,
deixando sabores no caminho.

Te provoco sem palavras,
e finjo que não percebo.
Mas o mundo gira ao meu redor,
e você não desvia o desejo.

Derrama-se, feito vinho na taça,
e eu, metade musa, metade furacão,
sou o caos que te atrai,
a destruição que pede atenção.

Quero a maldade em doses sutis,
sagaz na arte de viver.
Desprezo a vaidade como inimiga,
mas, vez ou outra, me deixo ceder.

Hipocrisia me veste como um manto,
birras são o meu escudo.
Eu sou a dança da contradição,
a calma e o tumulto em um só mundo.