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Nsa:2330

Confissões de um adolescente

Eu tenho 17 anos, faço 18 no fim do ano, e estou no primeiro ano do ensino médio. É muito vergonhoso, isso me deixa mal... estar estudando com pessoas de 14-15. O bom é que ninguém sabe, nem desconfia. Eu tenho 1,69 de altura, sou magro, mas tenho coxas e pernas grossas, me acho desproporcional, e uma cintura de um palmo com tórax de quase dois, e braços (acima do cotovelo) mais finos que meu cotovelo, ou até mesmo os meus pulsos... Aparento ser um garoto de 14 a 15 anos, com problemas de acne. No primeiro ano, eu repeti por falta, eu me sentia triste, sozinho, abandonado pela minha família... Comecei a faltar na escola porque não aguentava mais viver naquela sala, era uma tortura... eu não conseguia pensar, não conseguia sorrir, falar... eu ia para a praia, mas não para nadar, só para ver as pessoas vivendo... eu costumava andar MUTO pela orla, vez ou outra eu sentava nos bancos para chorar... algumas pessoas vinham me perguntar o porquê do choro, mas nada passava, e ninguém realmente me ajudava. Eu repeti de ano, fiquei pior... já não saia mais de casa, ficava trancado, e ninguém da família desconfiava, já tinha perdido meus """""amigos""""", e meus pais nem viram a diferença, nem se importaram comigo a ponto de ir na escola para ver o meu desempenho escolar. No segundo ano, novamente indo fazer o primeiro ano do ensino médio, eu só consegui ir um dia, depois disso eu sai sem rumo... não sabia o que fazer, e como resolver... não aguentava ver as pessoas que conhecia fofocando sobre como eu deixei de ser o aluno mais aplicado de toda a sala. Rolavam boatos de que eu estava usando drogas, de que eu estava sendo abusado, de que eu era gay (o que não deixa de ser uma verdade)... Então, certo dia, eu estava muito "pilhado", peguei umas garrafas de bebida do meu padrasto, bebi um pouco de várias delas, descia queimando e dava vontade de vomitar (com 16 anos), fechei janelas, desliguei a energia da casa... liguei o forno e as bocas do fogão... e fiquei lá, de bruços no fogão sentindo meu corpo formigar, começando com o tórax, depois braços, pernas... um apito estarrecedor no ouvido. Foi horrível, fiz isso pois não queria sentir mais dor, porém foi mais doloroso do que eu pensava. Acordei diversas vezes no chão, e ficava lá bastante tempo, pois não conseguia levantar para, novamente, abraçar o fogão... Eu fui salvo, minha mãe pediu para o vizinho verificar a casa, pois no dia estava ventando muito... Quase acreditei que alguém lá em cima se importava comigo. Eu estou BEM melhor agora, tirando o fato de que menti para a minha família, dizendo que fiz isso pois era ameaçado constantemente na escola, mas na verdade o problema sou eu, eu sei disso, pois não é normal uma pessoa sempre viver em ciclos de felicidade curta e tristeza longa, as vezes profunda. Eu sou o problema de toda a minha desgraça, ninguém tem culpa das coisas que faço, só eu mesmo... e as coisas que fazia eram muitos negativas para mim. Mudei para uma escola, é particular, muito melhor que a minha antiga escola, aqui todos querem aprender, e não tem aquele tipo de baderna (mas como em toda escola, existe conversa). O ensino é maravilhoso, e as pessoas são legais, tanto os professores quanto os alunos.
Eu tratei logo de me enturmar, eu entrei em três grupos de amigos, que estão se "fundindo", e está uma maravilha, Nos reunimos em uma Festa Escolar para calouros, e marcamos de lanchar no Subway depois da competição de períodos/festa (que terminou em torno de meia noite), cheguei em casa quase umas três da manhã. Marcamos até de ir no cinema, ver Guerra Civil, em torno de 15 pessoas, semana que vem. Mês passado, descobri que um garoto (que pertence a um desses grupos de amigos) mora bem perto da minha casa(isso foi antes da festa de calouros), praticamente uma rua depois. Ele costuma ir para a escola de bicicleta, já eu costumava ir a pé, pois gostava de caminhar, de ver o movimento dos carros, de sentir a brisa marítima de Guarujá e de olhar a lua. Eu descobri que ele morava perto de casa quando estava indo pagar uma conta, e ele me abordou na rua (coincidentemente eu estava exatamente na frente de sua casa), perguntou onde morava... e marcamos de ir juntos para a escola. Não deu certo, ele sai dez minutos depois que eu, e eu precisava sair com antecedência pois eu ia andando (mesmo tendo passe de ônibus, que eu deveria usar, mas não uso). Sempre que eu estava voltando, ele saía da ciclovia, e vinha em minha direção... nós íamos conversando sobre... bem, apenas estávamos tentando nos conhecer. Eu tive uma primeira impressão errada dele, em sala de aula ele é muito piadista, fala muitos "memes" e tem uma grande amizade com uma garota gótica, que namora um grande amigo dele (constantemente os dois lançam brincadeiras "gays", como, por exemplo, quando Ela costuma chamar ele de "amigo gay"... ela tem uma mania estranha de chamar ele de viado, e ele confirma isso, em tom de brincadeira, DIVERSAS VEZES, seja quem for que lhe pergunte isso). Ele se recusa a utilizar uniforme, usa uma mochila rasgada (até charmosa), e um cabelo... peculiar. Uma mistura de Undercut e moicano. Mas, ao conversar e conhecer ele, descobri, com o decorrer das "voltas para casa", que ele é uma pessoa doce, educada, humilde, inteligente e com sonhos... Ele mora com a mãe e a avó, tem pais separados (como eu), e o pai é dono de um restaurante em uma cidade vizinha, e ele costuma ajudar o pai nesse restaurante quando não está na escola (deve ser por isso que ele estuda a noite). Ele tem o sonho de ter uma loja de roupas, com confecção própria (ele deve ter mesclado esse sonho com o fato de que a avó dele é costureira), ele gosta de roupas, ele gosta da "moda", principalmente a masculina. Ele é muito fã de Avenged Sevenfold (que eu gosto bastante também), e de Costa Gold (grupo de rap que nunca tinha ouvido falar). Certo dia ele colocou na cabeça de que iria na minha casa, convencer a minha mãe de que eu estava pronto para andar de bicicleta com ele, e que ele iria se responsabilizar... Dito e feito, ele falou com minha mãe, disse que iria se responsabilizar, que garantiria a minha segurança, e me levaria para sair, as vezes. Ele também disse para a minha mãe que me levaria na festa de calouros, que aconteceria em um salão de festas (contratado e organizado pela escola). Senti um misto de vergonha, nervosismo e admiração por ele. Minha mãe, por precaução, foi até a casa dele, conversar com a mãe dele e a avó (que eu ainda não conheço). Depois disso passamos a ir de vir de bicicleta (o mais interessante é quando ele segue na frente, e fica olhando para trás, me "checando"), e a amarrar as nossas bicicletas juntas, com dois cadeados... Ele até brincou uma vez "Agora nossas bikes estão casadas". Ele passou a sentar perto de mim, passou a conversar mais comigo. Ele também foi comigo para a festa de calouros, e para o encontro no subway, eu, ele e mais três garotas... e eu passei a auxiliar mais ele nas lições (principalmente em química e história, que eu tiro de letra). Passei a ter uma relação mais forte com todos os outros, sempre conversando, descobrindo coisas em comum... Descobri que eu tenho mais coisas em comum com a garota Hippie (Iza) e com a Garota Gótica (Brendinha), desde gostos musicais de bandas de rock, livros depressivos, séries de TV emotivas e "filosofia de vida", até venerar o sol, a lua e a natureza (com a hippie), de caminhar na praia (principalmente no frio) para ver as pessoas e o mar...

Recentemente contei para uma amiga sobre a minha sexualidade, ela ficou confusa no começo, mas depois entendeu... e até começou a conversar comigo sobre garotos, youtubers, comida, música pop... Coisa que não entendo ABSOLUTAMENTE NADA, mas eu ainda não avisei isso para ela que tudo que ela sabe sobre os gays é um esteriótipo "falso" criado pela mídia, e que "estilo musical não define sexualidade"... Sou uma prova de que isso é falso. Eu acabei falando para ela sobre um garoto que eu gosto, um garoto que estuda no período vespertino (e eu no noturno), que sempre nos víamos e trocávamos olhares "profundos" e descarados no meio da rua... olho com olho, alma com alma - uma coisa muito estranha, que nunca tive com ninguém. Eu não tenho fotos e nem sabia o nome dele quando disse isso para ela (ele se chama João, eu perguntei para ele essa semana).
E, consequentemente, acabei falando sobre o garoto da bike que eu estava começando a gostar (foi isso que disse para ela, mas não disse um "pequeno" detalhe, na verdade, acho que eu estou amando ele). Curiosamente ela disse para eu esquecer ele, pois ele gostava de outra pessoa (ela é uma espécie de baú de segredos alheios, foi por isso que contei primeiro para ela), e parece que ele não é correspondido (apenas um "achismo"). Isso não tinha me afetado no momento, só senti realmente a dor quando fui dormir naquele dia, a dor no peito e o choro foram tão altos que eu não pude abafar com o meu travesseiro a dor de sentir um primeiro amor, com alguém do mesmo sexo, e ser "rejeitado", indiretamente... Nada mudou, estamos até mais próximos (principalmente quando ele encosta a bunda dele na minha perna durante as aulas, complicado, mas isso me deixa feliz), porém sei que não posso ficar com ele, é doloroso... ele é tão lindo, e a minha autoestima está no vermelho.

Tirando essas pessoas que conheço na escola, não tenho mais nenhum amigo... e eu acabo ficando triste e solitário fora da escola, como estou agora, neste frio solitário de 17 graus. O lado bom de ser baixo (1,69) e ser magro, é que eu aparento ter 14-15 anos, mesmo completando dezoito este ano... Não sei se isso é uma vantagem... O garoto que estou afim é praticamente três anos mais novo, e ele é um pouco maior e tem mais "corpo" que eu, isso me incomoda, muito. Eu fico imaginando quando descobrirem que tenho dezessete anos, eu fico imaginando se eu ainda vou encontrar alguém para chamar de amor, companheiro, amigo... Eu fico tentando imaginar como será meu futuro, o que vou fazer com ele, se eu vou ter recaídas, se eu posso tentar me matar novamente, ou se posso me perder de vez, ficar sozinho, sem ninguém... Se eu devo dizer que estou gostanto dele, mesmo vendo vários desabafos sobre como isso deu errado...
Isso está ficando longo de mais, porém é curto se comparar com tudo que tenho para dizer. Se vocês puderem fazer perguntas, sugestões... conselhos... eu estou precisando, eu estou realmente precisando conversar, me abrir com alguém... é muito triste ser solitário, mesmo fazendo novos amigos, nada chega a ser "profundo" como a sintonia que "melhores amigos" possuem.
3 Respostas
  • Eu estudo a noite. O ensino no período noturno é formado por cursos técnicos e ensino médio, aqui tem mais adultos por conta dos cursos, mas por divergências nos horários de intervalo, e de portões, só nos vemos na saída. Mas a maioria dos alunos é composta por esportistas (que a escola patrocina e oferece bolsa), e também por alunos que trabalham ou que só querem ficar com as manhãs livres e as tardes disponíveis para fazer algum curso, ou apenas curtir a adolescência. E também é mais barato do que estudar nos outros períodos.

  • Eu não curti a minha adolescência, não tive a oportunidade de "viver" até agora... querendo ou não, eu tenho muito mais afinidade com eles, de 14 a 15 anos, pois eu meio que parei dois anos no tempo.

  • Nsa não te conheço, mas parece que você anda se preocupando e dependendo muito dos outros para continuar. A vida é sua e você não precisa de ninguém, de resto acontecerá naturalmente.
    erga sua cabeça, você é mais forte do que imagina.
    abraço

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