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CharlieFG:2280
Editado em: 06/05/2016 18:47:47

Convívio monótono

Antes de começar esse texto, confesso que eu estava preparado para dizer que hoje foi mais um daqueles dias, porém, não foi. Foi um dia diferente, e também ao mesmo tempo, repleto de coisas monótonas e mais tranquilas, porém, confesso que em alguns momentos me senti pressionado.

Cheguei atrasado para não participar da educação física, e quando cheguei na secretaria para me sentar, havia um garoto sentado em um dos assentos, era um garoto da minha sala. Além dele, tinha mais um garoto e uma garota, todos atrasados. Depois de um tempo chegou outra garota, e essa parecia aparentar mais intimidade com o moço moço que trabalha na secretária, um moço barbado, com uma estatura bem razoável e roupa social, porém, não deixa de ser um moço. Hehe.

Ele brincou com o fato de seu atraso, brincou e questionou seu adormecer, e também o seu despertar. Não para humilhar a garota, foi meio que um puxão de orelha, um toque, algo que os funcionários da escola sempre são acostumados a presenciar, pelo menos ao meu ver. Eu acho que isso acontece pela sua facilidade em analisar adolescentes, pois ele já foi um adolescente e sabe como é ser um. Hehe.

Quando o sinal bateu senti um grande alívio, pois cheguei atrasado, a escola impôs a regra que eu queria, não entrar na primeira aula, devido as regras e isso está sendo útil para eu não participar das aulas de educação física, porém, também tem aula de educação física em outro dia da semana, e é a última aula. Nesse caso, não há chance de escapar. Ao mesmo tempo em que me senti aliviado em não comparecer a essa aula, fiquei ansioso e temendo o fato de as pessoas questionarem os meus motivos.

Quando subi as escadas, o moleque da minha sala subiu ao meu lado e desabafou algumas coisas, dá forma clichê que os adolescentes tem, porém, pelo menos não foi algo ofensivo. Ele expressou estar insatisfeito, pois sua aula preferida é educação física e ele não pode comparecer, eu expressei coleguismo, tentei ser solidário, tentei demonstrar que concordava com ele e dei um sorriso. O sorriso de quem conseguiu o que queria e ainda tirou vantagens disso, as vantagens de ouvir alguém desabafar e demonstrar solidariedade, pois meu objetivo foi atingido e quis compensar a sua insatisfação. Sendo simpático.

Quando cheguei na sala, de imediato um garoto questionou o meus motivos de eu não comparecer para a primeira aula, eu simplesmente dei a entender que estava "parado no trânsito" e mesmo assim, depois de um tempo ele questionou o trânsito, eu enrolei ele, ele parecia curioso, mas ao mesmo tempo parecia desinteressado em minhas respostas, parecia só se contentar em me questionar. Quando eu respondia, ele virava as costas e eu me senti mal resolvido, me senti sem autonomia, pois sou perfeccionista. Gosto de me expressar sem falhas, tento ao máximo ser infalível e com quando isso não ocorre, fico perturbado com a lembrança desse e também de outros fatos.

Depois desse fato, um garoto questionou o grau do meu óculos, e consegui me impor com êxito, expressei não dar a mínima para a importância do meu grau em sua vida, senti desconfiança, pois ele e o outro garoto que havia me questionado anteriormente, demonstraram curiosidade em relação a minha visão, e isso me incomodou, de certa forma. Fiquei insatisfeito em não saber o que está por trás dessas perguntas, desse questionário, dessa curiosidade. Temo de ser algo para usarem minhas dificuldades como motivo de chacota, ou para um motivo prejudicial a minha pessoa, porém, acabei cedendo informações. Em momentos posteriores, deixei eles e outras pessoas da minha sala experimentarem o meu óculos, todos que experimentaram pareciam demonstrar sarcasmo, ironia e também pânico, aparentemente pelo simples motivo de não estarem acostumados em usar um grau forte como eu, realmente tenho uma forte miopia, mas nada que seja tão anormal, eles e que são muito previsíveis. Hehe.

Além disso, um garoto que se acha o centro das atenções do colégio, elogiou meu cabelo, em dias anteriores ele havia dito que achava o meu corte de cabelo "estranho". Parece que ele aprendeu a admirar coisas estranhas, hehe.

A hora em aparentemente me senti mais pressionado, foi na hora do recreio, novamente. Eu estava na fila da cantina, e vi um cara. Ele parecia ser legal, havia elogiado meu cabelo e me cumprimentado um dia desses, porém, hoje ele estava muito infantil pro meu gosto. O rapaz ficou cutucando um garoto e em seguida, senti alguém me cutucar, porém, me virei e reagi somente por uma vez. Cumprimentei um outro garoto que estava atrás de mim, na intenção de testar os seus atos em relação aos dedos que estavam me tocando freneticamente. Hehe.

O garoto imediatamente acusou um outro garoto, que nem prestei atenção, e eu disse que só o estava cumprimentando e ele fez o mesmo que eu havia feito, finalmente, o pessoal dessa escola dificilmente tem o costume de falar oi ou algo do tipo. Achei a sua atitude de dedo duro bem duvidosa, porém, nem sempre quem não deve não teme. Principalmente quando se trata de um garoto com 1,80 de altura, como eu por exemplo. Hehe.

Prossegui aguentando a invasão corporal que sofri, comprei meu lanche e fui consumir, na expectativa de nenhum moleque da minha sala correr atrás de mim e começar a pedir por mais de cinco vezes, para degustar de meu pacote de batatas. Hehe.

Durante o meu apetite, senti minhas mão engordurarem e na tentativa de abrir a embalagem do canudinho do suco que estava prestes a consumir, simplesmente foi um fracasso, um fracasso e tanto! Não conseguia abrir, então lentamente tentei esconder meus desastrados movimentos manuais, até que elaborei um plano. Desci a escada, fui ao banheiro com o suco ainda nas mãos, deixei ele de lado, lavei as mãos, voltei a segurar o suco, entrei na porta para o vaso sanitário, me tranquei, sentei em cima do vaso sanitário e depois de um pouco de sacrifício, abri o canudinho com êxito! Sai do banheiro já bebendo o suco, e me senti bem mais aliviado.

Observei algumas crianças praticarem esportes na quadra, até que vi algo razoavelmente interessante, uma garota aparentemente tímida, sentada, lendo e escrevendo, aparentemente eram lições que ela não havia concluído. Achei interessante, porém, não tive coragem de chegar nela, as vezes minha timidez é tão previsível, que eu aparentemente pareço culpar a falta de tempo com a falta de atitude, ou seja, nesse momento eu estava prestes a tirar uma conclusão, uma conclusão que iria aparentar ter ocorrido naquele momento. Enquanto, na realidade muitas vezes só tiro conclusões depois de um fato, ou quando estou escrevendo. Eu estava prestes a escrever que eu iria chegar nela quando o sinal bateu, mas acredito que essa atitude imaginária e textual, só serve para silenciar minha falta de coragem e atitude.

Depois de observar seus movimentos durante algum tempo, o sinal bateu, observei pessoas voltando para suas classes e a vi em minha frente, de costas, descendo as escadas e eu corri atrás dela. Não na tentativa de alcançar seus passos para restaurar minha falta de iniciativa, mas sim para dar motivação a futuras observações. Observei e memorizei a aparência de seu tênis, pois eu iria reconhecer ela caso não lembrasse de seu rosto, enquanto ela descia as escadas acompanhei seus passos, literalmente. Hehe.

Além disso, acelerei meus passos na tentativa de observar e memorizar sua sala, mas quando ela entrou, pessoas cobriram meu campo de visão, a perdi e a minha sintonia se perdeu no tempo, sem mais delongas, entrei na minha sala e me senti aliviado por não questionarem a minha limitada interação social.

Durante as aulas, procurei me aproximar um garoto que eu já tenho um certo coleguismo, no sentindo de brincar. Ele fez algumas brincadeiras comigo durante a aula, e eu participei. Próximo a hora da saída, quando ainda estávamos na sala, ele sujou meu casado de giz, e eu na tentativa de reagir e entrar na brincadeira, o sujei mais ainda. Um dos garotos da nossa classe deu risada. Eu também havia brincado com esse garoto, falei algo sobre agitar antes de usar, você provavelmente deve imaginar do que se trata. Hehe.

Na hora da saída, fiz algumas piadas com o garoto que havia me sujado de giz, na tentativa de impressionar as garotas que possivelmente estavam ouvindo nossa conversa, logo a nossa frente. Me despedi de um jeito educado, e ele de um jeito mais prático, simplesmente dando as costas e descendo os degraus. Hehe.

Andando na rua durante a minha volta para casa, ainda perto da escola observei um garoto, exatamente um garoto de outra sala que vive me fazendo de motivo de chacota, principalmente quando se trata de piadas maliciosas. Ele estava entrando no carro de sua mãe, logo que me viu se despediu e fez uma velha e tradicional brincadeira a respeito do meu corte de cabelo, e logo começou um curto diálogo.

Eu disse a ele: Posso te fazer uma pergunta capciosa?

Ele respondeu: Mas a minha mãe está no carro.

Eu insistente, lhe perguntei: Quando tem um estranho atrás de você, você corre ou soca a minha?

Ele respondeu: Eu caminho.

Me esforçando para não dar gargalhadas, imediatamente respondi: Beleza então! Até mais cara!

Quando estava me afastando, disse com todo orgulho: Caminha! Idiota! Hahaha!

Escrevendo e me lembrando de tudo isso neste exato momento, me orgulho de duas coisas, presenciar as vantagens de conviver com pessoas monótonas e a ainda dar um xeque-mate na "malícia" do ser humano.

Provavelmente ainda terei mais experiências sociais para compartilhar, então, até breve!

Um forte abraço.

Charlie.
2 Respostas
  • Aguardarei ansiosamente para o próximo capitulo.
    abraço

  • Quem está tentando convencer de que é um estudante adolescente? Kkkkk

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