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Quem sou eu?

Nesse momento, estou sentado em uma lanchonete com a minha família, e ouvindo a música "Every Step" da banda "Silent Partner"

Imagino algo vitorioso ao ouvir um determinado momento da música, a vitória em ficar livre de um pesadelo. A vitória em conseguir enganar um porteiro, subir as escadas de um edifício, até chegar lá no alto e logo em seguida, saltar. Sentindo a energia do vento e me sentir infinito, tornando a minha gravidade eterna enquanto dure.

Quero que a minha morte seja infalível, sem ter que me ver acordado em um hospital, com as pessoas querendo me proteger de meus pensamentos suicidas, com o meu óculos quebrado e com todas as pessoas do meu colégio questionando as minhas faltas e os meus motivos. Não me preocupo somente com a minha mãe, sinto medo em me explicar para a escória da humanidade, os habitantes de um colégio.

Ouvindo músicas como essa, eu costumo me iludir e fantasiar sobre minhas conquistas, me imaginar vivendo romances, conquistando atenções e admiração, fazendo mágicas, fazendo palestras, derrubando vilões como no filme "Karatê Kid" e sendo aplaudido por pessoas fúteis. Pessoas fúteis que se tornaram anjinhos por minha causa, e no final das contas, declararam me achar o máximo, me achar um cara cativante.

Não estou aproveitando um momento, apenas por conta de pensamentos que não me libertam. Um contato apenas virtual, um momento apenas no passado e nos breves minutos que decorreram, palavras sem motivos por trás delas, palavras apenas com o desejo de inquietar o meu sofrimento e tentar deixar algum propósito, um propósito que permanecerá em vão. Um pensamento obsessivamente perturbador, uma trilha sonora inquieta e deprimente, perdas sem oportunidade de regeneração, consequências intermináveis e impagáveis, um passado trágico e um presente trágico, lágrimas sem cura, sofrimentos sem propósito, tristezas em vão e um ato que não me liberta, o ato de pensar.

Estou com pensamentos suicidas e em depreciação, desde uma semana. Não consigo sorrir, ser feliz e me imaginar enfrentando o colégio. Estou desejando morrer, antes eu achava algo opcional, agora me parece algo obrigatoriamente desejável.

Tenho medo do tempo passar, e aos poucos minha vida está se passando, sem público, sem conquistas e com a minha mãe cada vez mais velha. Os meus perturbadores pensamentos expressam a minha visão de meu trágico passado, no meu perturbador e deprimente futuro, onde a culpa não me deixará adormecer, estarei preso nas consequências causadas pelos meus pensamentos.

Falo de suicídio como se fosse algo desejável e agradável, pois viver me parece algo desagradável e anormal. Morrer é o meu desejo, não desejo mais viver, muito menos me imaginar vivendo e batalhando.

Amanhã vou faltar na escola novamente, para tentar encaixar um horário no meu psiquiatra. Posso contar a versão que eu quiser, e ele pode me diagnosticar como quiser. Essa é a verdade, assim como todos os outros psiquiatras que me entrevistaram.

A pergunta é, quem sou eu? O que sou eu?
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