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mona:2210

Depressão.

Bom, os que me conhecem aqui são os que leram o meu primeiro relato, sobre o término do meu namoro. Talvez neste aqui eu acabe citando esse fato, mas é apenas um dos pequenos sofrimentos que carrego comigo. Hoje vim aqui para escrever um desabafo que visa externar as angústias e incertezas de como é viver com depressão.
Convivo com esse transtorno desde os meus 11 anos, desenvolvido em decorrência do alcoolismo do meu pai e de tudo que presenciei até o dia em que minha mãe se divorciou dele e eu pude ter paz. Pelo menos por um momento. Mesmo após a separação, meu pai já ameaçou minha mãe de morte e até foi até o nosso apartamento tentar invadir, tendo que ser impedido pela polícia. Ele sempre fez comigo o que chamam de "alienação parental", e diversas vezes me usava para atingir minha mãe. Felizmente, o tempo passou, e apesar de hoje, com quase 18 anos, eu ter uma relação péssima com meu pai, ele já não é mais alcoolotra e finalmente deixou minha mãe em paz. Tristemente, toda essa situação desencadeou o transtorno depressivo em mim. A predisposição genética ajudou muito também, já que cinco familiares próximos já possuíam a doença, incluindo minha mãe e avó materna.
Hoje em dia já não lembro desses eventos com raiva ou tristeza. Tudo que sou hoje devo a todas as experiências que já vivi, e vejo a depressão e toda essa situação como parte de mim e de minha personalidade. Porém, só quem tem essa doença pode ser capaz de entender um pouco do que é viver em constante martírio. Não tenho vontade de fazer nada. Coisas básicas como levantar da cama e tomar banho se tornam extremamente exaustivas em picos muito elevados da depressão. Ir a escola, se manter atento, estudar e tirar boas notas requer um esforço tão grande que por muitas vezes falho, tanto é que desde o primeiro ano do ensino médio eu venho rodando em uma ou duas matérias, por que não dou conta de aprovar em todas. Séries, filmes, livros, coisas que eu adorava fazer. Passava horas me divertindo com esses programas. Hoje nada mais tem graça. Até isso requer um grande esforço. Coloco um filme no netflix e não consigo me manter atenta, mesmo que o assunto me interesse. Nada tem graça, nada faz sentido, nada vale a pena. Hoje faz um mês que terminei meu primeiro namoro, Fui muito magoada e mesmo assim penso nele todo dia. Nos nossos momentos bons, me sentia viva quando estava com ele, me sentia preenchida. Conseguia ver um pouco de cor na minha vida preta e branca. Agora posso ver mais claramente como era a relação, e sei que não mereço migalhas, que era o que eu estava recebendo, Mesmo assim, sinto tanta falta dele que meu peito chega a doer. Talvez falta dele e falta da sensação que tinha quando estava com ele. Não sei. Só sei que dói. Dói não ser feliz, não estar completa. Sou grata por todos os privilégios que tenho, e sei que existem pessoas em situações muito piores. Mas é tão, tão exaustivo fazer esse esforço imenso todos os dias pra não me entregar. Penso em suicídio as vezes, quando o sofrimento parece insuportável. Só queria que isso parasse, pois parece estar me sufocando. Minha família não merece o sofrimento de perder a filha e neta única. O quão egoísta eu seria em fazer isso? Não posso. Que só eu sofra então.
Sento na sala de aula e fico olhando ao meu redor. Enquanto cada um está tentando aparecer mais que o outro, ter o corpo mais magro, ser o mais extrovertido, o mais isso, o mais aquilo, eu estou simplesmente querendo estar em paz. Nenhum deles a não ser minhas duas amigas próximas sabem o que sinto. Nem imaginam. Tomo antidepressivo, me consulto com psiquiatra e com uma psicóloga que tenho um carinho enorme. Mas nada adianta, sabe? Por um momento eu fico bem e acho que tudo vai dar certo, me empenho e tenho força de vontade. Mas tão rápido quanto veio isso se vai, e eu me afundo em uma crise cada vez maior. Isso nunca passa, sabe? Nunca. Não tenho folga.Já tentei teatro, natação, trabalhar. Qualquer coisa para ocupar a mente. Mas é só eu parar um pouquinho, um minuto sequer, que os sentimentos ruins me invadem. Choro quietinha todas as noites, digo pra mim mesma que no outro dia vai ser diferente. Prometo a mim mesma que vou me esforçar, que vou dar a volta por cima. Então, acordo e vejo o quão dificil é levantar de cama, vejo que não importa o que eu faça, quando repousar minha cabeça no travesseiro, tudo vai voltar. Eu tenho esperanças. Um dia talvez melhore, quem sabe. Venho piorando cada vez mais, nunca estive tão mal quanto esse ano. Mas o mundo da voltas..Quem me garante que amanhã não será melhor? Não sei. Espero que eu aguente até lá.
Fiquem a vontade para falarem palavras de consolo. Não ajuda, mas acalma o coração por alguns momentos.
1 Respostas
  • Olá, Você só "encontrará" a sua paz, quando parar de procurar tanto, tipo, você é jovem tem a vida toda pela frente, se joga! Veja o lado bom das coisas simples, sorria de coisas bobas, saia pra pegar um ar e ler, chame amigos pra conversar assuntos aleatórios e banais só pra que possam passar tempo juntos... entende? tudo que quero te dizer é q tu esqueças o passado um pouco, pare de se preocupar tanto com seu futuro e aproveita esses instantes, sei q é clichê isso tudo, mas é o jeitinho certo!

    bjs

    -Apenas uma amiga.

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