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Não sei quem sou nem aquilo que quero ser.

A indecisão e a incerteza são talvez as palavras que mais me têm feito pensar nos últimos tempos.
De pé, à frente de um espelho, observo o meu reflexo e questiono-me. Questiono-me acerca daquilo que sou e do que eventualmente poderei vir a ser. Reparo que à minha volta rodeiam-me pessoas que sabem exatamente quem são e o que querem ser. Sabem detalhadamente como fazê-lo, passo a passo. Sabem que objetivos devem atingir e que sonhos pretendem concretizar. Quanto a mim, nada.
Sinto que de certa forma, ao longo da vida, somos inconscientemente "preparados" para estruturar metas pelas quais teremos de lutar para as atingir e sermos alguém. Para a maioria, quem não tem objetivos definidos é somente considerado um ser que vagueia sem destino, à espera que a vida se encarregue de tudo por ele. É um ser preguiçoso.
Mas porque é que temos todos de ser iguais? Temos obrigatoriamente de seguir alguma regra, algum padrão específico? Porque é que a sociedade continua a impor condições na forma como cada um vive a sua vida?
Quando me perguntam aquilo que eu quero ser e eu respondo “não sei”, noto que na maioria das vezes me dizem o mesmo: “Não sabes? Mas já está na altura de saberes, o tempo passa a correr, depois não vais a tempo e não consegues ser alguém na vida”. Sim, é a resposta que mais ouço, seja dita por um amigo ou mesmo por um familiar. Isto leva-me a pensar, mais do que aquilo que é normal. Penso que se calhar eles até têm razão, que me estão a alertar porque são mais experientes do que eu e só querem o meu bem. Nunca negarei isso.
Mas serão mesmo os objetivos que são fundamentais para ser “alguém” na vida? Será necessário definir metas para ser feliz? Penso que não. Nem sempre aqueles que passam “tempos infinitos” a escrever listas no bloco de notas do telemóvel com 1001 planos para o futuro conseguem ser totalmente felizes, ainda que tenham todos os objetivos e sonhos de vida concretizados.
Ou seja, de uma forma mais resumida, se colocarmos num prato de uma balança uma pessoa que durante toda a vida se foca somente nos objetivos que estipulou no passado e que têm insanamente que atingir no futuro, e, no outro prato uma pessoa que nunca se preocupou em ter de idealizar objetivos para ser um “individuo realizado”, podemos concluir que ambos se encontram num perfeito equilíbrio, porque cada um é como é, cada um tem uma forma de viver e de ver a vida. É normal querer atingir certos e determinados objetivos, mas também é perfeitamente comum e aceitável que haja quem não os tenha, até porque tudo isto nos ajuda a crescer e a desenvolvermo-nos pessoalmente.
Nunca entenderei o porquê de pessoas mais indecisas serem olhadas de lado pela sociedade e, desejo profundamente que se normalize este tipo de formas de estar na vida. Que haja mais respeito pelo próximo.
O facto de eu ter 20 anos e não saber exatamente aquilo que quero ser, a nível profissional e pessoal, não faz de mim alguém pouco credível que espera sentado que as coisas aconteçam. Isso não significa que eu não dê luta, nem tão pouco significa que não tenho valor.
1 Respostas
  • Ainda tenho algumas dúvidas quanto a este assunto mas reconheço que é algo normal. Ninguém é mais que tu por não seres uma pessoa "cega" em estruturar objetivos, por não saberes quem és nem para onde queres ir. #AUTORA

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