Arco e flecha

Acordava cedo, calçava meu tênis e numa bolsa colocava meu arco e flecha. Não fazia questão de comer. Meus pais faziam o que podiam pra me apoiar naquela luta pela perda de peso e, sinto saudade de meu pai me levar de carro para o campo aberto e eu preparar o local pra praticar. Todavia, depois dessa perda de peso, meu pai disse que não tem mais necessidade de me levar de carro, não estou gordo, então posso correr ao local. Pra falar a verdade, eu bem que gosto de correr sem freios, como um animal selvagem, sentir aquele vento no rosto e gritar. Chegar naquele campo e jogar minhas coisas no balcão da casinha, posicionar os alvos e pegar as flechas esticando o arco e soltando-as. Toda vez que acerto, sinto que posso respirar de novo, me sinto vivo demais com o vento bagunçando meus cabelos e esfriando minha nuca. Dessa vez encontrei um gatinho no final do treino. Tava acabado, não conseguia saber qual era a cor da sua pelagem de tão sujo que estava, fora que, me parecia um pouco leproso. Quando meu pai chegou para me buscar, disse para eu deixar o gato sozinho, que ele sabia cuidar dele mesmo e que parecia ter uma doença que transmitia para os outros. De certa forma, esse gatinho lembrou de mim. "Não chega perto desse gordo, ele fede, é chamado de rolo de fumo na sala dele". Implorei para o meu pai e enfim, meu pai é demais, faz tudo por mim. O veterinário disse que ele tem esporotricose é transmitido apenas em certas situações, mas tem cura e logo, logo, vou poder fazer o tanto de carinho que quero nessa coisa fofa que tem alegrado bastante meus dias.