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Tipo:64104
Editado em: 12/11/2021 12:53:30

Decaindo aos velhos hábitos

Eu não consigo me aproximar tanto de você como gostaria. Eu me sinto como um relógio de pendulo, oscilo pra um lado, pro outro, o tempo passa, os ponteiros do relógio caminham com provocações a minha pessoa. Eles apontam minhas falhas, me fazem lembrar [...]. Pois, mesmo assim, os erros são constantes, repetitivos como um ciclo, eles podem se movimentar, mas permanecem, porque não existe deslocamento, e o barulho dos ponteiros? Distinguem um pouco pela ferrugem em comparação como quando eram jovens, produzindo um som mais arrastado, aquele, semelhante ao ranger dos teus dentes ao ouvir mais uma vez - ouvir mais uma vez, o ponteiro do relógio admitindo minhas falhas - mas são os mesmos, estão apenas desgastados: eu; você; tudo por causa da maldição do tempo - Viagem no tempo. Eu posso fazer isso, eu consigo voltar ao tempo de quando eu tinha controle sobre você, quando os vidros que protegiam o relógio eram limpados daquela forma - aquela forma, pois assim, mesmo encarando os ponteiros, você permanecia encantado, porque acreditava que conseguia ver através e, ao mesmo tempo, conseguia confundir aquele vidro com um espelho que beirava ao reflexivo e que, por vezes, ganhava a transparência de vida e, apontava teus erros para desfocar dos meus, todavia, o seu brilho era impagável, a forma como você se sentia, pra você, era o suficiente, ou deveria ser. TIC. TAC. Por favor - Você costumava gostar, mas aconteceu alguma coisa, porque, agora, você consegue escutar, consegue sentir o tremendo fardo que o tempo faz você carregar. O tempo é marcante, em certos aspectos, é por meio desse que pontuamos o nascer da nossa vida. Infância, talvez a passagem de tempo mais distorcida. Tudo parece tão - lento e interessante - A paisagem o envolve, faz presença, comunica-se com os seus sentidos - marinheiro, o mundo é teu mar, desbrave-o, aproveite-o o quanto antes, porque, talvez, mais tarde, não podereis mais enxergar o mundo deslumbrante. Talvez, mais tarde, não vivas tanto quanto você viveu naquele instante. TIC. TAC. Eu deveria estar preparado, guarnecido e em guarda, mas sempre cometo alguma engambelação neste apreensivo e angustiante caminho. Tenta, contudo, ludibriar-se pela última vez, porque necessitas de mim, dessa ilusão para viver o tempo que sentes falta, o tempo distorcido, da infância, aliciante pelo interessante. Entretanto, mesmo tentando, você não consegue mais, seus olhos percebem o desfoque, estão irritados, lacrimados, precisam de lubrificação. Então, você pisca. Por quanto tempo estava encarando aquele relógio, tentando lembrar de qualquer minúcia que me remetia as sensações do passado, quando, para qualquer criança curiosa, seus ponteiros são afiados demais para se aproximar? Por quanto tempo, transcorria veneno por estes ponteiros e eu era enganado pela melodia absolutamente metódica? - Você pergunta invólucro de frieza, e com um semblante de desprezo - Que perda de tempo! - Sem avisos, impaciente com o tempo, você decide desmontar o relógio, desarmar o conceito do perfeito, você quer a verdade, quer o humano, entretanto, da forma mais animalesca e, consequentemente, desfigura-o por completo, ou quase isso. Desde a sua compra, negava-me a acreditar que era descartável - disse o relógio, dessa vez sem pêndulo, sem oscilações - pois então, nessa tentativa desesperada de prender sua atenção e, ofrecer-lhe explicações, não confissões para a satisfação de sua pessoa, aponto a verdade, a minha verdade.
Não consegui finalizar---

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