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Álcool

Durante 24 anos eu bebi muito. Não me dava conta do quanto eu bebia, mas a realidade é que era além da conta. Quando eu saía para beber, tinha sempre alguém que "entortava" mais que eu, e isso me servia de desculpa para não enxergar que eu era, mesmo, um alcoólatra.
Sempre saía do trabalho e tinha que dar uma passadinha no bar, ao menos umas quatro vezes por semana. Uma hora era para relaxar, sair dos problemas. Outra hora, para refrescar com uma cerveja gelada. Ou socializar, puxar papo com os bebuns. Nada disso, a verdade é que eu não passava sem a "mardita".
O corpo vai pedindo as contas da agressão. Primeiro obesidade, depois pressão e diverticulose. Mas o prazer da bebidinha é maior.
Até que eu abri um comércio que tem que ficar aberto até a meia-noite. A princípio, eu saía esse horário e ia procurar lugar aberto para beber. Sempre tem. Veio a pandemia e ficou mais difícil encontrar. Às vezes, circulava muito tempo no caminho de casa e só sossegava no momento em que achava uma latinha ao menos. Mas insistia. Até que a hipertensão ficou mais grave e eu resolvi dar um basta.
Contra tudo e contra todos: contra as amizades que eu fiz no bar (conheço muitos donos de bar da cidade, né?). Contra os médicos, que não levam o problema tão a sério quanto deveriam, sempre muito mais preocupados com o tabagismo.
Até mesmo contra a igreja, que é conivente, cada vez mais, com umas biritas. Ninguém me mandou parar, ninguém me reprovou por conta do álcool.
Mas não se enganem, esse problema é muito sério e você nunca percebe quando saiu dos limites. Porque na verdade esses limites são uma ilusão. Uma convenção social que admite o consumo dessa droga, que tanto mata no trânsito, que gera violência no lar e improdutividade no trabalho. Já cheguei a bater carro alcoolizado e já me prejudiquei no emprego, tanto pela falta de atenção quanto pela torcida contrária que me via por aí bebendo e fazia fofoca.
Evitem o álcool. Em qualquer dose, qualquer gradação, qualquer mistura, qualquer situação. Não existe beber socialmente. Beber é beber e ponto final.
Estou com mais de onze meses sem beber uma gota. Vou comemorar muito o aniversário de um ano como abstêmio. E não vai ser com uma rodada, pode acreditar.
2 Respostas
  • Então, aí fica difícil porque, quando você tira o foco do álcool, percebe que tem muita coisa boa na vida além do gole. Tem viagem, tem comida, filmes, teatro... muita coisa boa para marcar e curtir sem a presença de copos.

  • Fico feliz por vc mn, espero que você aproveite bem o seu aniversário:).
    Beber é muito ruim, é a pior coisa que ja fiz.

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